quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Maçonaria x Igreja





Hoje em dia fala-se cada vez mais de Maçonaria e muito se especula sobre esta Ordem Secreta ou Iniciática, selectiva nas pessoas que desejem ingressar no seu seio. Infelizmente passou a ser mais procurada por politicos que buscam outras coisas que não as de ordem espiritual.

As suas origens remontam aos tempos antigos embora só no século XVII-XVIII se tenha tornado conhecida como Ordem instituida, Especulativa, simbólica com base nos Mistérios da Tradição do Antigo Egipto (das lendas de Ísis e Osíris, ligadas ao culto a Mitra) e mesmo do tempo do Rei Salomão. As Lojas "irregulares" é que não se baseiam neste Conhecimento nem na existência de Deus ou G.A.D.U. (o Grande Arquitecto do Universo).

Os antigos Construtores dos Templos, pode-se dizê-lo, eram maçons obreiros ou operários conhecedores da Arte Real e de toda a simbologia que neles existem e deixavam ali gravados na pedra esculpida os seus significados esotéricos ou espirituais. Aliás, a própria Igreja Católica tem muitos símbolos maçons entre os quais o Delta Luminoso ou o Triângulo dentro do Sol que significa a Vida, a Luz, ou “Olho que tudo Vê”. Normalmente está situado na parte mais alta sobre os altares dos Templos.

O que acho estranho é haver ainda uma grande rivalidade entre a Igreja Cristã e a Maçonaria apesar de ambas defenderem ideais de Fraternidade, Irmandade, Justiça, Liberdade, Igualdade, e terem como base a crença num só Deus Criador do Universo (que a Maçonaria chama de o Grande Arquitecto) e haver tanta divisão entre a Maçonaria e a Religião Católica.
A “Opus Dei” entretanto é uma organização da ICAR que tem por finalidade defendê-la de seus ‘inimigos’ (como a Maçonaria tem a sua) um pouco à semelhança da “Santa Inquição” de outros tempos cuja memória negra todos conhecemos. Aliás, até Galileu ia sendo queimado vivo por discordar das teses religiosas da época que diziam que a Terra era plana e era o centro do universo e que o Sol se movimentava em seu redor. Hoje a Igreja sabe que Galileu tinha razão ao dizer que era redonda e se movimenta sobre si mesma, sendo o movimento do Sol aparente. De resto, o Papa João Paulo II chegou a declarar Galileu inocente e pediu perdão também aos judeus pelos erros e pecados cometidos pela Igreja no tempo do Holocausto. Só por isto, a ICAR nunca foi nem é 'Santa', havendo mesmo muitos pecados no seio do Clero como todos sabemos, além dos que foram denunciados pelos "Milenarri", um grupo de cardeais da Cúria Romana que tiveram a coragem de escrever e publicar um livro intitulado "O Vaticano contra Cristo" que se esgotou em poucos dias.

Doutro modo, penso que a dissenção ou desamor entre a Igreja e a Maçonaria talvez tenha partido do corte de relações no reinado de Henrique VIII de Inglaterra, no ano 1534, tendo depois regressado à Igreja Católica no reinado de D.Maria I e separar-se de vez com a Excomunhão da Raínha Isabel I de Inglaterra, recebendo ainda uma influência doutrinária do Calvinismo, mas retendo a liturgia e organização católica, embora numa reforma que teve apoio da nobreza e a burguesia mercantilista.

Ou então tudo teve a ver com a perseguição que se fez aos Templários no tempo de Filipe IV (o ‘Belo’), que o próprio Papa Clemente V (um déspota), cedendo à pressão do Monarca francês que tinha grandes dividas aos templários e uma ambição desmedida que o cegava, ele não foi aceite na Ordem de Molay, tendo dado aval para que se matasse todos os Templários que foram traiçoeiramente apanhados numa festa preparada para o efeito num fatídico dia 13 de Outubro de 1307, uma 6ª feira (daqui nasceu a ideia do ‘dia de azar’), tendo muitos fugido para Portugal onde encontraram a protecção do Rei D.Dinis que mudou seus nomes para Cavaleiros de Cristo.

Claro que a Maçonaria não tem a ver propriamente com os Templários do passado ou do presente, embora haja uma íntima relação pelas coisas espirituais que cultivam desde tempos ancestrais.... Seria bom sim é que se falasse abertamente sobre tudo isto e de outras coisas que estão na origem de tantos desamores entre a Igreja Católica e a Maçonaria, ambas tendo os mesmos ideais por um Mundo melhor, mas vivendo alimentando um certo ódio em vez do amor.

Por fim, o papa actual (Bento XVI) até gosta de ouvir a música de Mozart, o grande Maçon...

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma Visão Sistemática da Cabala

Cabala (também KabbalahQabbalacabbalacabbalahkabalakabalahkabbala) é um sistema religioso filosófico que reivindica o discernimento da natureza divina. Q(a)B(a)L(a)H (קבלה QBLH) é uma palavra hebraica que significa recepção, que vem da raiz Qibel ("receber").
A Qabalah divide-se em quatro partes principais:
  1. Qabalah prática: trata dos talismãs, rituais e cerimônias mágicas;
  2. Qabalah literal: para conhecê-la, é necessário ver suas três matérias (logo abaixo);
  3. Qabalah não-escrita: conhecimento oral, a tradição;
  4. Qabalah dogmática: parte doutrinal da ciência, sendo que suas principais fontes são o Sepher Yetzirah, o Zohar, o Sepher Sephiroth e o Asch Metzareph.
A "Cabala" é uma doutrina esotérica que diz respeito a Deus e o Universo, sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um passado remoto, e preservada apenas por alguns privilegiados.
Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina empírica. Mais tarde, sob a influência da filosofia neoplatónica e neopitagórica, assumiu um carácter especulativo. Na era medieval desenvolveu-se bastante com o surgimento do texto místico, Sepher Yetzirah, ou Sheper Bahir que significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII. Porém o mais antigo monumento literário sobre a cabala é o Livro da Formação (Sepher Yetzirah), considerado anterior ao século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus.].
Transformou-se em objeto de estudo sistemático do eleito, chamado o "baale ha-kabbalah-kabbalah" (בעלי הקבלה "possuidores ou mestres da Cabala "). Os estudantes da Cabala tornaram-se mais tarde conhecidos como "maskilim" (משכילים "o iniciado"). Do décimo terceiro século para frente ramificou-se em uma literatura extensiva, ao lado e frequentemente na oposição ao Talmud.Grande parte das formas de Cabala ensinam que cada letra, palavra, número, e acento da Escritura contêm um sentido escondido; e ensina os métodos de interpretação para verificar esses significados ocultos.
  1. Alguns historiadores de religião afirmam que devemos limitar o uso do termo Cabala apenas ao sistema místico e religioso que apareceu depois do século XX e usam outros termos para referir-se aos sistemas esotéricos-místicos judeus de antes do século XII. Outros estudiosos vêem esta distinção como sendo arbitrária. Neste ponto de vista, a Cabala do pós século XII é vista como a fase seguinte numa linha contínua de desenvolvimento que surgiram dos mesmos elementos e raízes. Desta forma, estes estudiosos sentem que é apropriado o uso do termo Cabala para referir-se ao misticismo judeu desde o primeiro século da Era Comum. O Judaismo ortodoxo discorda com ambas as escolas filosóficas, assim como rejeita a idéia de que a Cabala causou mudanças ou desenvolvimento histórico significativo.
    Desde o final do século XIX, com o crescimento do estudo da cultura dos Judeus, a Cabala também tem sido estudada como um elevado sistema racional de compreensão do mundo, mais que um sistema místico. Um pioneiro desta abordagem foi Lazar Gulkowitsch.

    Qabalah literal

    A Qabalah literal possui três matérias principais:
    1. Gematria (GMTRIA): baseada nos valores numéricos das palavras;
    2. Notariqon (NVTRIQVN): em uma de suas formas, as letras de uma palavra são usadas como iniciais de outra; e na sua segunda forma, a letra inicial de várias palavras forma uma só;
    3. Temurá (TMVRH): as letras de uma palavras são permutadas com outra, conforme uma tabela de substituição.

    Antiguidade do misticismo esotérico

    Formas iniciais de misticismo esotérico existem já há 2.000 anos. Ben Sira alerta sobre isto ao dizer: "Você não deve ter negócios com coisas secretas" (Sirach) ii.22; compare com o Talmud Hagigah 13a; Midrash Genesis Rabbah viii.
    Literatura Apocalíptica pertence aos séculos II e I do pré-Cristianismo contendo alguns elementos da futura Cabala e, segundo Josephus, tais escritos estavam em poder dos Essênios, e eram cuidadosamente guardados por eles para evitar sua perda, o qual eles alegavam ser uma antiguidade valiosa (veja Fílon de Alexandria, "De Vita Contemplativa", iii., e Hipólito, "Refutation of all Heresies", ix. 27).
    Estes muitos livros contém tradições secretas mantidas ocultas pelos "iluminados" como declarado em IV Esdras xiv. 45-46, onde Pseudo-Ezra é chamado a publicar os vinte e quatro livros canônicos abertamente, de modo a que merecedores e não merecedores pudessem igualmente ler, mas mantendo sessenta outros livros ocultos de forma a "fornece-los apenas àqueles que são sábios" (compare Dan. xii. 10); pois para eles, estes são a primavera do entendimento, a fonte da sabedoria, e a corrente do conhecimento.
    Instrutivo ao estudo do desenvolvimento da Cabala é o Livro dos Jubilados, escrito no reinado do Rei João Hircano, o qual refere a escritos de Jared, Cainan, e Noé, e apresenta Abraão como o renovador, e Levi como o guardião permanente, destes escritos antigos. Ele oferece uma cosmogênese baseada nas vinte e duas letras do Alfabeto Hebraico, e conectada com a cronologia judaica e a messianologia, enquanto ao mesmo tempo insiste na Heptade como número sagrado ao invés do sistema decádico adotado por Haggadistas posteriores e pelo "Sefer Yetzirah". A idéia Pitagórea do poder criador de números e letras, sobre o qual o "Sepher Yetzirah" está fundamentado, o qual era conhecido no tempo da Mishnah (antes de 200DC).

    Gnosticismo e Cabala

    A literatura gnóstica dá testemunho da antiguidade da Cabala. Gnosticismo — isto é, a "Chokmah" cabalística (חכמה "sabedoria") - parece ter sido a primeira tentativa por parte dos sábios judeus em fornecer uma tradição mística empírica, com ajuda de idéias Platônicas e Pitagóricas (ou estóicas), um retorno especulativo. Isto conduziu ao perigo da heresia pela qual as personalidades rabínicas judias Akiva e Ben Zoma esforçaram-se por libertar-se.

    Dualidade Cabalística

    O sistema dualístico de poderes divinos bons e maus, o qual provêm do Zoroastrismo, pode ser encontrado no Gnosticismo; tendo influenciado a cosmologia da antiga Cabala antes de ela ter atingido a idade média. Assim é o conceito em torno da árvore cabalística (Árvore da Vida), onde o lado direito é fonte de luz e pureza, e o esquerdo é fonte de escuridão e impureza, encontrado entre os Gnósticos. O fato também que as Qliphoth (קליפות as "cascas" primevas de impureza), os quais são tão proeminentes na Cabala medieval, são encontradas nos velhos encantamentos babilônicos, é evidência em favor da antiguidade da maioria das idéias cabalísticas.

    Doutrinas Místicas nos Tempos do Talmude

    Nos tempos do Talmude os termos "Ma'aseh Bereshit" (Trabalhos da Criação) e "Ma'aseh Merkabah" (Trabalhos do Divino Trono/Carruagem) claramente indicam a vinculação com o Midrash nestas especulações; elas eram baseadas em Gen. i. e Ezequiel i. 4-28; enquanto os nomes "Sitre Torah" (Talmude Hag. 13a) e "Raze Torah" (Ab. vi. 1) indicam seu carater secreto. Em contraste com a afirmação explícita das Escrituras que Deus criou não somente o mundo, mas também a matéria da qual ele foi feito, a opinião é expressa em tempos muito recentes que Deus criou o mundo da matéria que encontrou disponível — uma opinião provavelmente atribuida a influência da cosmogênese platônica.
    Eminentes professores rabinos palestinos conservam a teoria da preexistência da matéria (Midrash Genesis Rabbah i. 5, iv. 6), em contrariedade com Gamaliel II. (ib. i. 9).
    Ao discorrer sobre a natureza de Deus e do universo, os místicos do período Talmúdico afirmaram, em contraste com o transcedentalis,o Bíblico, que "Deus é o lugar-morada do universo; mas o universo não é o lugar-morada de Deus". Possivelmente a designação ("lugar") para Deus, tão frequentemente encontrada na literatura Talmúdica-Midrashica, é devida a esta concepção, assim como Philo, ao comentar sobre Gen. xxviii. 11 diz, "Deus é chamado 'ha makom' (המקום "o lugar") porque Deus abarca o universo, mas Ele próprio não é abarcado por nada" ("De Somniis," i. 11).
    Spinoza devia ter esta passagem em mente quando disse que os antigos judeus não separavam Deus do mundo. Esta concepção de Deus pode ser panteísta. Isto também postula a união do homem com Deus; ambas as idéias foram posteriormente desenvolvidas na Cabala mais recente.
    Até em tempos bem recentes,teologos da Palestina e de Alexandrei reconheceram dois atributos de Deus,"middat hadin",o atributo da justiça,e missa ha-rahamim", o atributo da misericórdia(Midrash Sifre,Deut.27);e esse é o contraste entre misericórdia e justiça,uma doutrina fundamental da Cabala.

    Cabala no Cristianismo e na sociedade não-judaica

    O termo "Cabala" não veio a ser usado até meados do século XI, e naquele tempo referia-se à escola de pensamento (Judaica) relacionada ao misticismo esotérico.
    Desde esses tempos, trabalhos Cabalísticos ganharam uma audiência maior fora da comunidade Judaica. Assim versões Cristãs da Cabala começaram a desenvolver-se; no início do século XVIII a cabala passou a ter um amplo uso por filósofos herméticos, neo-pagãos e outros novos grupos religiosos. Hoje esta palavra pode ser usada para descrever muitas escolas Judaicas, Cristãs ou neo-pagãs de misticismo esotérico. Leve-se em conta que cada grupo destes tem diferentes conjuntos de livros que eles mantem como parte de sua tradição e rejeitam as interpretações de cada um dos outros grupos.

    Principais textos judaicos

    O primeiro livro na Cabala a ser escrito, existente ainda hoje, é o Sepher Yetzirah ("Livro da criação"). Os primeiros comentários sobre este pequeno livro foram escritos durante o século X, e o texto em si é citado desde o século VI. Sua origem histórica não é clara. Como muitos textos místicos Judeus, o Sefer Yetzirah foi escrito de uma maneira que pode parecer insignificante para aqueles que o lêem sem um conhecimento maior sobre o Tanakh (Bíblia Judaica) e o Midrash.
    Outra obra muito importante dentro do misticismo judeu é o Bahir ("iluminação"), também conhecido como "O Midrash do Rabino Nehuniah ben haKana". Com aproximadamente 12.000 palavras. Publicado pela primeira vez em 1176 em Provença, muitos judeus ortodoxos acreditam que o autor foi o Rabino Nehuniah ben haKana, um sábio Talmúdico do século I. Historiadores mostraram que o livro aparentemente foi escrito não muito antes de ter sido publicado.
    O trabalho mais importante do misticismo judeu é o Zohar (זהר "Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, escrito em aramaico. A tradição ortodoxa judaica afirma que foi escrito pelo Rabino Shimon ben Yohai durante o século II. No século XII, um judeu espanhol chamado Moshe de Leon declarou ter descoberto o texto do Zohar, o texto foi então publicado e distribuído por todo o mundo judeu. Célebre historiador e estudante da Cabala, Gershom Scholem mostrou que o próprio de Leon era o autor do Zohar. Entre suas provas, uma era que o texto usava a gramática e estruturas frasais da língua espanhola do século XII, e que o autor não tinha um conhecimento exato de Israel. O Zohar contém e elabora sobre muito do material encontrado no Sepher Yetzirah e no Sefer Bahir, e sem dúvida é a obra cabalística por excelência.

    Ensinamentos cabalísticos sobre a alma humana

    O Zohar propõe que a alma humana possui três elementos, o nefesh, ru'ach, e neshamah. O nefesh é encontrado em todos os humanos e entra no corpo físico durante o nascimento. É a fonte da natureza fisica e psicológica do indivíduo. As próximas duas partes da alma não são implantadas durante o nascimento, mas são criadas lentamente com o passar do tempo; Seu desenvolvimento depende da ações e crenças do indivíduo. É dito que elas só existem por completo em pessoas espiritualmente despertas. Uma forma comum de explicar as três partes da alma é como mostrado a seguir:
    • Nefesh (נפש) - A parte inferior, ou animal, da alma. Está associada aos instintos e desejos corporais.
    • Ruach (רוח) - A alma mediana, o espírito. Ela contem as virtudes morais e a habilidade de distinguir o bem e o mal.
    • Neshamah (נשמה) - A alma superior, ou super-alma. Essa separa o homem de todas as outras formas de vida. Está relacionada ao intelecto, e permite ao homem aproveitar e se beneficiar da pós-vida. Essa parte da alma é fornecida tanto para judeus quanto para não-judeus no nascimento. Ela permite ao indivíduo ter alguma conciência da existencia e presença de Deus.
    Raaya Meheimna, uma adição posterior ao Zohar por um autor desconhecido, sugere que haja mais duas partes da alma, a chayyah e a yehidah. Gershom Scholem escreve que essas "eram consideradas como representantes dos níveis mais elevados de percepção intuitiva, e estar ao alcance somente de alguns poucos escolhidos".
    • Chayyah (חיה) - A parte da alma que permite ao homem a percepção da divina força.
    • Yehidah (יחידה) - O mais alto nível da alma, pelo qual o homem pode atingir a união máxima com Deus
    Tanto trabalhos Rabínicos como Kabalísticos sugerem que haja também alguns outros estados não permanentes para a alma que as pessoas podem desenvolver em certas situações. Essas outras almas ou outros estados da alma não tem nenhuma relação com o pós-vida.
    • Ruach HaKodesh (רוח הקודש) - Um estado da alma que possibilita a profecia. Desde o fim da era da profecia clássica, ninguém mais recebeu a alma da profecia.
    • Neshamah Yeseira - A alma suplementar que o Judeu demonstra durante o Shabbat. Ela permite um maior prazer espiritual do dia. Ela existe somente quando se observa oShabbat e pode ser ganha ou perdida dependendo na observação do Shabbat da pessoa.
    • Neshoma Kedosha - Cedida aos Judeus quando alcançam a maioridade (13 anos para meninos, 12 para meninas), e está relacionada com o estudo e seguimento dos mandamentos da Torah; pode ser ganha ou perdida dependendo do estudo e prática da Torah pela pessoa.

    Predizendo o Futuro

    Um pequeno número de Cabalistas tentou predizer acontecimentos pela cabala. A palavra passou a ser usada como referência às ciências secretas em geral, à arte mística, ou ao mistério.
    Depois disso, a palavra cabala veio a significar uma associação secreta de uns poucos indivíduos que buscam obter posição e poder por meio de práticas astuciosas.
    Outros termos que originalmente se referiam a associações religiosas mas que passaram a se referir de alguma forma a comportamentos perigosos e suspeitos incluem fanático, assassino, e brutamontes.

    Cabala e a Tradição Esotérica Ocidental

    A Tradição Esotérica Ocidental (ou Hermética) é a maior precursora dos movimentos do Neo-Paganismo e da Nova Era, que existem de diversas formas atualmente, estando fortemente intrincados com muitos dos aspectos da Cabala. Muito foi alterado de sua raiz Judaica, devido à prática esotérica comum do sincretismo. Todavia a essência da tradição está reconhecidamente presente.
    A Cabala “Hermética”, como é muitas vezes denominada, provavelmente alcançou seu apogeu na “Ordem Hermética do Alvorecer Dourado” (Hermetic Order of the Golden Dawn), uma organização que foi sem sombra de dúvida o ápice da Magia Cerimonial (ou dependendo do referencial, o declínio à decadência). Na “Alvorecer Dourado”, princípios Cabalísticos como as dez emanações (Sephiroth), foram fundidas com deidades Gregas e Egípcias, o sistema Enochiano da magia angelical de John Dee, e certos conceitos (particularmente Hinduístas e Budistas) da estrutura organizacional estilo esotérico- (Maçônica ou Rosacruz).
    Muitos rituais da Alvorecer Dourado foram expostos pelo legendário ocultista Aleister Crowley e foram eventualmente compiladas em formato de Livro, por Israel Regardie, autor de certa notoriedade.
    Crowley deixou sua marca no uso da Cabala, em vários de seus escritos; destes, talvez o mais ilustrativo seja Liber 777. Este livro é basicamente um conjunto de tabelas relacionadas: às várias partes das cerimônias de magias religiosas orientais e ocidentais; a trinta e dois números que representam as dez esferas e vinte e dois caminhos daÁrvore da Vida Cabalística.
    A atitude do sincretismo demonstrada pelos Cabalistas Herméticos é planamente evidente aqui, bastando checar as tabelas, para notar que Chesed corresponde a Júpiter, Isis, a cor azul (na escala Rainha), Poseidon, Brahma e ametista – nada, certamente, do que os Cabalistas Judeus tinham em mente.

Hermetismo

O Hermetismo é o estudo e prática da filosofia oculta e da magia, de um tipo associado a escritos atribuídos ao deus Hermes Trismegistus, "Hermes Três-Vezes-Grande", uma deidade sincrética que combina aspectos do deus grego Hermes e do deus egípcio Thoth. Estas crenças tiveram influência na sabedoria oculta europeia, em especial desde a Renascença, quando foram reavivadas por figuras como Giordano Bruno e Marsilio Ficino. A magia hermética passou por um renascimento no século XIX na Europa Ocidental, onde foi praticada por nomes como os envolvidos na Ordem Hermética do Amanhecer Dourado e Eliphas Lévi. O hermetismo também está associado à alquimia e a astrologia.

Escritos Herméticos

Os escritos Herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas, e as principais são Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda, as quais são tradicionalmente atribuídas a Hermes Trismegistus. Estes escritos contêm os aspectos teórico e filosófico do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O período bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegistus, e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos Hermeticos, apesar dele se distanciar da magia.

A prática da magia entretanto não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise e a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o Hermetismo lá floresceu, e portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições Hermeticas: filosófica e magia.

O livro Caibalion foi escrito no final do sec. XIX por três Iniciados que registraram as Sete Leis do Hermetismo.Não é um livro oriundo da era pré-cristã como se supõe.

Hermes Trismegistus

Hermes Trismegistus ou "Hermes Três Vezes Grande", foi um grande sábio das primeiras dinastias egípcias, ele é o pai das artes ocutas, tendo ensinado alquimia, astrologia e filosofia aos seus dicípulos. Foi considerado após sua morte como "A Fonte da Sabedoria", tendo vivido por 200 anos, tendo possivelmente sido comteporâneo a Abraão.
"Em qualquer lugar que estejam os vestígios do Mestre, os ouvidos daquele que estiver preparado para receber o seu Ensinamento se abrirão completamente". - O Caibalion
"Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para os encher com Sabedoria." - O Caibalion
Após sua morte, foi adorado pelos egípcios como deus Toth, deus que simbolizava a lógica organizada do universo, relacionado aos ciclos lunares, que expressam a harmonia do universo. Deus do verbo e da sabedoria, foi naturalmente identificado com Hermes. Como o deus da sabedoria o Toth foi atribuido como escritor de uma série de textos sagrados egipcíos os quais descrevem os segredos do universo. Os textos Hermeticos antigos podem ser considerados também retentores de ensinamento e de uma base de iniciação a antiga religião egipcía.
Como todos os deuses egipcíos o Toth inicialmente era adorado localmente, mas depois a adoração a ele espalhou-se por todo o Egito. Uma das localidades de adoração ao Toth era na Grande Hermopolis. Com o estabelecimento da dinastía Ptolomaica naquela região Gregos imigraram também para a cidade sagrada de Toth. Desta imigração de Gregos advém a identificação de Hermes com Toth.

Leis Herméticas

As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro "O Caibalion" que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Cabala, que em hebraico, significa recepção.

Lei do Mentalismo

"O Todo é Mente; o Universo é mental." (O Caibalion)
O universo funciona como um grande pensamento divino. É a mente de um Ser Superior que 'pensa' e assim é tudo que existe. É o todo. Toda a criação principiou como uma ideia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência.
A matéria são como os neurônios de uma grande mente, um universo consciente e que 'pensa'. Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente, já que estamos ligados a uma mente divina que contém todo o conhecimento.

Lei da Correspondência

"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima"(O Caibalion)
A perspectiva muda de acordo com o referencial. A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não nos percebemos o imenso macrocosmo à nossa volta.
O principio de correspondência diz-nos que o que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa. Portanto podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas.

Lei da Vibração

"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra".
No universo todo movimento é vibratório. O todo se manifesta por esse princípio. Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Das galáxias às partículas sub-atômicas, tudo é movimento.
Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento.

Lei da Polaridade

''"Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados"(O Caibalion)
A polaridade revela a dualidade, os opostos representando a chave de poder no sistema hermético. Mais do que isso, os opostos são apenas extremos da mesma coisa. Tudo se torna idêntico em natureza. O pólo positivo + e o negativo - da corrente elétrica são uma mera convenção.
O claro e o escuro também são manifestações da luz. A escala musical do som, o duro versus o flexível, o doce versus o amargo. Amor e o ódio são simplesmente manifestações de uma mesma coisa, diferentes graus de um sentimento.

Lei do Ritmo

"Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação".
Pode se dizer que o princípio é manifestado pelo nascimento, morte e renascimento, ascensão e queda, da conversão energia cinética para potencial e da potencial para cinética . Os opostos se movem em círculos.
Esse princípio pode ser observado pelo movimento dos astros, planetas que giram de forma circular á suas estrelas-mães, que giram em torno do centro de seus sistemas solar, cada sistema solar ou estrela não circundada por planetas, gira ao redor do centro da galáxia, passando pelos braços da galáxia. As gálaxias giram ao redor de outras gálaxias. O homem nasce, desenvolve-se, morre e renasce.

Lei do Gênero

"O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação".
Os princípios de atração e repulsão não existem por si só, mas somente um dependendo do outro. Tudo tem um componente masculino e um feminino independente do gênero físico, todos possuem os dois genêros e manifestam fisicamente apenas um, nada é 100% masculino ou feminino, mas sim um balanceamento desses gêneros. O gênero não-manifesto é o gênero mental.
Existe uma energia receptiva feminina e uma energia projetiva masculina, a que os chineses chamavam de ying yang. Nenhum dos dois pólos é capaz de criar sem o outro. É a manifestação do desejo materno com o desejo paterno.

Lei de Causa e Efeito

"Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei".
Nada acontece por acaso, pois não existe o acaso, já que acaso é simplesmente um termo dado a um fenômeno existente e do qual não conhecemos e a origem, ou seja, não reconhecemos nele a Lei à qual se aplica.
Esse princípio é um dos mais polêmicos, pois também implica no fato de sermos responsáveis por todos os nossos atos. No entanto, esse princípio é aceito por todas as filosofias de pensamento, desde a antiguidade. Também é conhecido como karma.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Misticismo


Misticismo (do grego μυστικός, transl. mystikos, um iniciado em uma religião de mistérios) é a busca da comunhão com a identidade, com, consciente ou consciência de uma derradeira realidade, divindade, verdade espiritual, ou Deus através da experiência direta ou intuitiva.[1]
Do livro de Jakob Böhme "O Príncipe dos Filósofos Divinos"[2], o misticismo se define por: o misticismo, em seu mais simples e essencial significado, é um tipo de religião que enfatiza a atenção imediata da relação direta e íntima com Deus,ou com a espiritualidade, com a consciência da Divina Presença. É a religião em seu mais apurado e intenso estágio de vida. O iniciado que alcançou o "segredo" foi chamado um místico. Os antigos cristãos empregavam a palavra "contemplação" para designar aexperiência mística.
"O místico é aquele que aspira a uma união pessoal ou a unidade com o Absoluto, que ele pode chamar de Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, etc. 
A palavra "místico" era empregada pela primeira vez no Mundo Ocidental, nos escritos atribuídos a Dionysius, o Aeropagite, que apareceu no final do século V. Dionysius empregou a palavra para expressar um tipo de "Teologia", mais do que uma experiência. Para ele e para muitos intérpretes, desde então, o misticismo se baseava em uma teoria ou sistema religioso que concebe Deus como absolutamente transcendente, além da Razão, do pensamento, do intelecto e de todos os processos mentais.
A palavra, desde então, tem sido usada para os tipos de "conhecimento" esotérico e teosófico, não suscetiveis de verificação. A essência do misiticismo é a experiência da comunicação direta com Deus.
A palavra misticismo tem origem no idioma Grêgo μυστικός = "iniciado" (nos "Mistérios de Eleusinian", μυστήρια = "mistérios", referindo-se as "Iniciações"[4]) é a busca para alcançar comunhão ou identidade consigo mesmo, lucidez ou consciência da realidade última, do divinoVerdade espiritual, ou Deus através da experiência direta, intuição, ou insight; e a crença que tal experiência é uma fonte importante deconhecimento, entendimento e sabedoria. As tradições podem incluir a crença na existência literal de realidades empíricas, além da percepção, ou a crença que uma verdadeira percepção humana do mundo trancenda o raciocínio lógico ou a compreensão intelectual.
O termo "misticismo" é freqüentemente usado para se referir a crenças que são externas a uma religião ou corrente principal, mas relacionado ou baseado numa doutrina religiosa da corrente principal. Por exemplo, Kabala é a seita mística dominante do judaísmo, Sufismo é a seita mística do Islã, e Gnosticismo refere geralmente a várias seitas místicas que surgiram como alternativas ao cristianismo. Enquanto religiões do Oriente tendem a achar o conceito de misticismo redundante, e o conhecimento tradicional e ritual são considerados como Esotericos, por exemplo, Vajrayana e Budismo.

Definição

Uma definição de misticismo não poderia ser ao mesmo tempo significativa e de abrangência suficiente para incluir todos os tipos de experiências que têm sido descritas como "místicas".
Por definição natural, misticismo é a prática, estudo e aplicação das leis que unem o homem à Natureza e a Deus.
Desta forma, a Mística se distingue da Religião por referir-se à experiência direta e pessoal, com a divindade, com o transcendente, sem a necessidade de intermediários, dogmas ou de uma Teologia.

Na teologia

Conjunto de práticas religiosas que levam à contemplação dos atributos divinos. Estado natural ou disposição para as coisas místicas, religiosas; religiosidade.
Citando o livro "O Mundo de Sophia", quando fala sobre Misticismo:
Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que conhecemos não é nosso "eu" verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um "eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida simples. Encontra-se tendências místicas nas maiorias religiões do mundo. Na mística ocidental ( judaísmo, cristianismo e islamismo ), o místico diz que seu encontro é com um Deus pessoal. Na oriental ( hinduísmo, budismo e religião chinesa ) o que se afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito cósmico. É importante notar que essas correntes místicas já existiam muito antes de Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade. (O Mundo de Sophia).
As correntes místicas pregam a experiência direta do divino, comumente chamada de experiência mística, e muitas vezes descrita como iluminação. A experiência mística é um estado de consciência em que o místico tem um vislumbre daquilo que está além deste plano físico, e muitas vezes é descrito como união com o Todo. Isto só pode ser alcançado, segundo os místicos, por uma disciplina espiritual que visa distanciar-se das coisas mundanas.
Muitas vezes a experiência mística é descrita por aqueles que a sentem como uma "visão ou percepção direta de Deus". Tais fenômenos estão presentes tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento da Bíblia e na cultura oriental (budismohinduísmoyoga, etc.).
O místico procura na prática espiritual e no estudo das coisas divinas, mais que na racionalidade, as bases para suas concepções de vida, embora muitas vezes o misticismo esteja envolvido com intrincados sistemas que o fundamentam. Este é o caso da Cabala, a tradição esotérica dos judeus.
experiência mística é o modo como o místico entra em contato com o Divino.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O que é a cabala judaica?

A cabala (receber em hebraico) é um corpo de sabedoria mística que por muito tempo foi mantida como um segredo para o mundo. Durante milênios foi proibida para as mulheres e considerada um conhecimento secreto do judaísmo. Segundo a mitologia hebraica, a cabala foi dada por Deus a Moisés, ou pelo anjo Raziel a Adão, sendo depois transmitida oralmente de geração em geração. A cabala é um sistema metafísico através do qual o iniciado (ou buscador) conhecerá Deus e o universo. Deus, dentro do Judaísmo, preenche e contém o universo. É conhecido como “Ein Sof”, que pode ser traduzido como “o infinito”.

O rabino Leonardo Alanati, da Congregação Israelita Mineira, explica esse conhecimento de 2.200 anos.

O que é a cabala?

O misticismo judaico, também conhecido como cabala, consiste em um conjunto de ensinamentos orais, textos e práticas que foram transmitidas por mestres iluminados. Ele contém uma reinterpretação revolucionária do texto bíblico através de uma simbologia complexa e de uma linguagem ambígua e até erótica que pode desestabilizar a razão e a fé dos menos preparados. A cabala é uma maneira de experienciar a religião judaica e suas crenças. É colocar em prática a sabedoria sagrada com a finalidade de sentir o divino mais próximo. É um contato direto com a presença de Deus, a sua essência. Costumamos dizer que o homem necessita abrir sete cortinas para entrar em contato com a realidade, com a essência de tudo, até a união mística.

Como isso pode ser feito?

Através do estudo diário das técnicas de meditação que levam a um contato direto com Deus. É como uma gota retornando ao oceano, de volta à realidade divina. Não é um processo fácil. Dentro do misticismo judaico existe um lado de Deus, o “Ein Sof”, que é totalmente inacessível e incompreensível racionalmente. Por outro lado, para tornar-se ativo e criativo, Deus criou as dez sefirot ou inteligências. As sefirot dentro de nós. As sefirot formam a Árvore da Vida, que não é apenas uma metáfora vertical em relação a Deus. Em sua representação horizontal ela representa os aspectos de Deus existentes dentro de nós.

O que é a Árvore da Vida?

É um mapa para entendermos a manifestação de Deus. O Deus que saiu de si, se desdobrou para criar o universo. Cada sefirot é um aspecto da natureza de Deus. Elas nos ajudam a entender o mapa de como Deus atua no universo. Elas são, na verdade, um mapa de Deus manifesto no homem e na natureza. O micro imita o macro. Através da compreensão das sefirot, podemos entender as características humanas nos relacionamentos interpessoais e como esses aspectos influenciam nossas interações com o outro. Como Deus se manifesta também na natureza, devemos ficar atentos para preservarmos o meio ambiente, pois cada aspecto da natureza pode ser um portal para um contato com Deus: uma flor, uma célula, um átomo, uma estrela, a lua.

Como o judaísmo vê a vida após a morte?

A alma é eterna e subdividida. A vida continua em outras realidades além da nossa (ilusória). Mas algumas almas retornam duas ou três vezes a esse mundo em outro corpo até acabar de cumprir a sua missão. A cabala é a única corrente dentro do judaísmo que defende o conceito de reencarnação. Para os judeus, quando o corpo morre, ele fica em algum lugar, aguardando a ressurreição.

A Congregação Mineira Israelita abriu um curso de cabala, que vai ser dado dentro de uma sinagoga, para não judeus. O que sinaliza essa abertura? Estamos vivendo um momento mundial muito especial e difícil. Muitas pessoas buscam a cabala, de outras formas, dentro de outras correntes religiosas. Está na hora de abrirmos esse conhecimento para o mundo, de revelarmos nossa tradição mística. A realidade extremamente materialista está criando um vazio existencial no homem, que busca um retorno à espiritualidade, um contato interno com o espiritual. No curso vamos tirar dúvidas, derrubar conceitos errôneos, mostrar que a linha mestra do misticismo judaico é o contato mais intenso com Deus. Vamos entender melhor o universo divino, humano e a natureza, assim como a importância dos nossos atos. O cabalista deve estar inserido na sociedade e buscar elevá-la ao nível espiritual. A cabala é comunitária e reinterpreta o texto bíblico.

O homem moderno está sem rumo?

A Árvore da Vida é como um fluxo de energia que sai do divino, desce até o humano e volta. No entanto, muitos canais estão bloqueados e essa energia não chega de forma pura e completa até nós. No sentido contrário, ela também não chega em toda sua potência e plenitude até Deus. E isso é triste. Não apenas nós dependemos de Deus. Deus depende de nós e também precisa de nossos atos corretos e de nossas orações.

Matrix healing

A tradição mística da cabala mostra que, em nosso mundo material, existe um outro mundo que não vemos, um universo de grande energia e poder de cura. O médico Raphael Kellman, especialista em clínica geral, formado pela Faculdade de Medicina Albert Einstein em Nova York, com pós graduação no Beth Israel Hospital, criou baseado nessa lógica, uma terapia que denominou “Matrix Healing”.

Segundo ele, embora nossos sentidos nos digam que existe apenas um universo que contém dor, sofrimento, doença e morte, a cabala explica que existem muitos universos. Ao sabermos de sua existência, podemos optar por ter acesso a eles, inclusive o universo no qual já estamos curados, felizes e perfeitamente realizados. Podemos eleger o universo onde somos perfeitamente unidos uns com os outros e com a força amorosa, que á a fonte suprema da criação”.

Kellman acredita que a saúde pode ser conquistada através da Árvore da Vida, “o universo paralelo onde já estamos perfeitamente saudáveis, repletos da luz do Criador. Essa é a terapia matriz, uma mistura de atividades físicas e espirituais, com base no software descrito no Zohar (acredita-se ser o texto original da cabala judaica) e em outros textos cabalísticos. Compreender a matrix é extrair conhecimentos tanto da sabedoria espiritual da cabala quanto da ciência vanguardista, da medicina do corpo e da mente e das últimas descobertas em anatomia, bioquímica e neurologia”, ensina.

Universo paralelo

O médico conta, em seu livro, que já viu pacientes seus se curarem do câncer, de doenças cardíacas e outras enfermidades graves. “Quando comecei a estudar a cabala fiquei curiosos com a idéia do universo paralelo que ela prometia, o que passei a chamar de matriz. No matriz já estamos curados. O paraíso está dentro de nós. Nessa terapia, como na cabala, a meta não é ser perfeito, mas tornar-se perfeito”, ressalta.

O caminho para a saúde, segundo Kellman requer que cada ser humano aprenda a ver o seu corpo em termos espirituais e físicos, explore o poder de cura dos alimentos por meio de uma alimentação consciente e nutrição vibrante, partilhe a água e torne-se igual ao Criador, trocando respostas reativas por proativas em todos os momentos do dia. Veja cada momento como uma oportunidade espiritual, utilize a prece como uma terapia, a meditação e o alfabeto hebraico, os quais, segundo a cabala, são os blocos construtores do universo.

Por fim, assumir seu lugar de membro amável e responsável da raça humana dentro da nova ecologia do espírito, reconhecendo como cada um de nós é profundamente afetado pela vida do outro”.